Brasília, não importe o modelo metropolitano de trânsito brasileiro.

O trânsito é uma tormenta nas grandes cidades. Isto em qualquer país, não apenas no Brasil. Porém, restrinjo-me aos fatos mais próximos da nossa realidade. Por exemplo, o trânsito de Brasília e Rio de Janeiro.

Renato Ferraz publicou o texto intitulado: Estresse no Trânsito. (Correio Braziliense de 08/04/09, Página A-18). Ele faz uma defesa, como ele bem assinalou, “mais ou menos polêmica: é preciso mais estresse, mais cuidado, mais atenção, mais foco por parte dos motoristas de Brasília!”. Compreendo (eu acho) o seu ponto de vista: “Quando bem dosado, o estresse faz bem”. Entretanto, tenho ressalvas ao seu texto.

Em provas de corrida como 100m rasos, é fundamental ao atleta ter rápida resposta ao sinal de largada, o que lhe poupará preciosas frações de segundos. Com a evolução no trânsito carioca, seus motoristas desenvolveram esta habilidade tão bem quanto os velocistas. Em fila, os motoristas esperam o sinal abrir, carros que estão bem atrás buzinam ao primeiro sinal verde. Esta não é uma cena rara de se ver no Rio de Janeiro, ainda busco uma explicação racional para o fato. Temo a obsevação de Renato Ferraz: “É louvável não usarmos a buzina, mas é necessário que fiquemos atentos à abertura dos semáforos”. Espero que os brasilienses não desenvolvam o espírito de velocista dos cariocas.

“Não é mais possível conviver com motoristas lentos na faixa esquerda, como se a tivesse alugado. Não podemos mais conceber irresponsáveis dirigindo e falando ao celular simultaneamente, como se estivessem sozinhos nas ruas”. O comportamento adequado no trânsito não é uma questão de estresse; é sim, de educação.

Me preocupa essa apologia à otimização de tempo e espaço pregada por Renato. “Até a distância entre um carro e outro ultrapassa os níveis de segurança e acaba se refletindo na fluidez do trânsito”. É possível que o Renato não seja um pedestre e veja o mundo mais do ponto de vista de quem esteja ao volante. Este desejo feroz por poupar tempo, este estresse de cidade grande, impulsiona a intolerância. Que tomba, é claro, para o lado do mais fraco, o pedestre. Talvez o senhor Renato nunca tenha sentido receio de passar na faixa mesmo com o sinal verde para os pedestres, porque os motoristas aceleravam seus carros prontos para avançaram a primeira oportunidade. Afinal, vive-se em uma cidade grande, não se pode perder tempo. “Não podemos mais dirigir como se estivéssemos no interior do Brasil”.

O problema do trânsito não é uma questão de estresse. Nem no Rio de Janeiro, nem em Brasília, ou qualquer outra cidade. É uma questão de educação. Antes de pedir estresse nas nossas estradas, primeiro peçamos educação.

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